7 POTÊNCIAS MUNDIAIS DESCRITAS NA BÍBLIA (SÉRIE)
Sumário: Introdução. I – História do Império Romano. II – Geografia
do Império Romano. III – O legado do Império Romano. IV – O Império
Romano e os judeus. V – O Império Romano e os cristãos. VI – Fim do
Império Romano.
INTRODUÇÃO
Simbolizado pelo ferro, o
Império Romano conquistou e subjugou muitos povos. Do Ocidente ao
Oriente, o peso de seus punhos era conhecido e proverbial. Jamais
houvera reino tão poderoso! A simples menção de seu nome era mais do que
suficiente para amedrontar povos, derrubar reis e dilatar fronteiras.
Eis como Daniel viu esse férreo império: “Depois disto, eu continuava
olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível,,
espantoso e sobremodo forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele
devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era
diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez
chifres” (Dn 7.7).
As histórias de Roma e Israel estreitam-se em
Jerusalém e na Eternidade. Em Jerusalém, porque foram os romanos que
destruíram a amada e idolatrada capital do judaísmo. Na eternidade,
porque foram os romanos, também, quem assinaram a sentença de morte de
Cristo, o Filho do Deus Vivo!
O Império Romano, portanto, será tratado com severidade no Dia do Senhor!
I – HISTÓRIA DO IMPÉRIO ROMANO
Enquanto Alexandre Magno conquistava o Oriente e esmagava o até então
invencível poderio persa, um outro império começava a despertar e a
incomodar o mundo. Fundada por Rômulo e Remo, provavelmente, e de início
humilde e até desprezível, Roma vai ampliando com vagar seus raios de
influência. No Século III a.C, já é senhora de toda a península itálica.
Roma, habitada por indo-europeus, que, em levas sucessivas, fixaram-se
em seu território miscigenando-se aos etruscos, gregos e gauleses, ela
não pára de expandir-se. Durante a Primeira Guerra Púnica (264-241
a.C.), os romanos venceram os cartagineses e apossaram-se das ilhas
sicilianas. Sentindo-se fortalecidos, eles anexam a Córsega e a Sardenha
e derrotam os gauleses no Vale do Pó.
Nas duas últimas guerras
púnicas, Roma derrota o brilhante general cartaginês, Aníbal, e põe
término a grandeza incômoda de Cartago. Netta Kemp de Money explica as
conseqüências desses primeiros sucessos romanos: “Estas guerras
lançaram as sementes da conquista da bacia oriental, posto que Filipe V
da Macedônia havia ajudado a Aníbal; e Antíoco, o Grande, da Síria, lhe
havia concedido asilo depois de sua derrota. Filipe foi vencido e os
esforços de seu filho Perseu, para vingar a derrota, fracassaram. Diante
desta demonstração de poder de Roma, quase todos os príncipes do
Oriente optaram por reconhecer sua supremacia e aliar-se com a potência
superior. Antíoco, o Grande, havia sonhado com a conquista da Grécia,
porém, foi vencido pelos romanos na batalha de Magnésia, e a seu neto,
Antíoco Epífanes, que se havia proposto agregar o Egito e seus domínios,
bastou uma repressão de Roma para que desistisse. Houve uma ou outra
escaramuça depois dos meados do século segundo antes de Cristo, porém,
desde aquela época, todo o mundo teve de reconhecer a supremacia da
república romana.”
II – GEOGRAFIA DO IMPÉRIO ROMANO
É
difícil traçar os limites do Império Romano. Dilatadíssimo, mantinha
incontáveis províncias na Europa, Ásia e África. Foi o mais poderoso
reino da Terra. Sua presença era sentida em todas as partes do Globo.
Nos tempos de sua maior extensão, informa John Davis, o Império Romano
media 3.000 milhas de este a oeste, e 2.000 de norte a sul, com uma
população de 120.000.000.
III – O LEGADO DO IMPÉRIO ROMANO
Os gregos legaram-nos a base da sociedade ocidental. Os romanos, sua
estrutura. Pragmáticos e administradores por excelência, deixaram-nos
colossal monumento jurídico esculpido em sua experiência privada e
pública.
Souto Maior, em sua História Universal, diz-nos como os
romanos fizeram suas leis: “O direito romano foi um dos legados mais
importantes deixados por Roma às civilizações que lhe sucederam. O
antigo direito consuetudinário, isto é, baseado no uso e nos costumes,
passou a ser direito escrito com a Lei das 12 Tábuas, que é considerada a
mais antiga lei romana.
“O sistema jurídico dos romanos resultou
não somente da necessidade de governar os diferentes povos dos países
conquistados mas, também, da natural substituição de antigos costumes
por certos princípios gerais que se foram condensando através dos editos
dos pretores.
“Os pretores eram magistrados encarregados da
administração da justiça. No começo de sua gestão, o pretor comumente
promulgava um edito, estabelecendo os princípios que iriam orientar os
seus julgamentos: embora geralmente os pretores apenas repetissem o que
já estava estabelecido por seus predecessores, de vez em quando surgiam
novas regras, modificando a estrutura jurídica precedente.
“Antes do III século a.C. existia apenas o ‘praetor urbanus’, isto é, o
juiz da cidade. Depois, estabeleceu-se o cargo de ‘praetor peregrinus’
que deveria julgar os casos entre cidadãos romanos e estrangeiros.
“Aplicando e interpretando a lei, os pretores criaram duas espécies de
direito: o que se aplicava aos cidadãos romanos, chamado ‘jus civile’, e
o que dizia respeito a todos os povos de maneira geral, denominado ‘jus
gentium’. Era o ‘jus gentium’ que autorizava a existência da escravidão
e da propriedade privada, sendo, portanto, um complemento do ‘jus
civile.’
“No século II a.C, foi elaborado, por Sálvio Juliano,
sob o governo de Adriano, o Edito Perpétuo, que codificava os editos dos
pretores e também os dos imperadores.
“Admitiram também os
romanos a existência de um ‘jus naturale’, que não era propriamente um
conjunto de leis e sim a idéia de que, acima do Estado e das
instituições, existe um princípio de justiça válido universalmente, ou,
como afirmou Cícero, ‘uma razão justa, consoante à natureza, comum a
todos os homens, constante, eterna’.
“O ‘jus civile’ romano
estabeleceu uma perfeita distinção entre pessoa e pessoas ao mesmo
tempo. Os escravos não eram considerados pessoas e, assim, destituídos
de quaisquer direitos.”
Eis mais alguns importantes legados
romanos: tirocí-nio administrativo; engenharia diversificada e prática;
política exterior fundada no pragmatismo; disciplina e agilidade nas
forças armadas, e, urbanização eficaz.
IV – O IMPÉRIO ROMANO E OS JUDEUS
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Herodes, o Grande |
Ao tomar Jerusalém, em 63 a.C, o general romano Pompeu depara-se com a
nação judaica bastante enfraquecida, em conseqüência de renhidas
disputas internas. Depois de um começo brilhante e glorioso, a família
macabéia passa a fazer escusas manobras para manter-se no poder.
Conhecida, também, como dinastia hasmoneana, acabou por cair nas garras
de uma ambiciosa e pertinaz família iduméia, de onde viria um monstro
voraz e impiedoso -Herodes, o Grande.
Pompeu estava no Oriente
Médio para conter o ex-pancionismo de Mitrídates, rei do Ponto. Sonhando
construir ura grande império, esse monarca intentava conquistar a
Ásia Menor e a Palestina e, assim, minar a posição romana nessa tão
estratégica área. Preocupada, Roma envia à região um bravo e nobre
general.
Grande estrategista, Pompeu vence o rei Mitrídates, que
se refugia na Armênia. Mesmo vencido, o ambicioso soberano reorganiza-se
e tenta tomar a Síria. O general romano, entretanto, intervém uma vez
mais e o derrota definitivamente.
O governo de Roma, satisfeito
com o desempenho de seu brilhante militar, designa-o governador das
províncias da Ásia. Foi nessa qualidade, que Pompeu recebeu Aristó-bulo e
Alexandre. Disputando ferrenhamente o trono da Judéia, ambos
submetem-se à sua arbitragem. O povo, contudo, não deseja ser governado
por nenhum dos dois.
Que decisão tomar?
Prático, o general
romano desejava colocar sobre os judeus um rei títere. Entre os
contendores, opta pelo mais manobrável e influenciável. A escolha recai
sobre Hircano, cujo caráter era débil. A decisão de Pompeu desagrada,
profundamente, a Aristóbulo, que começa a arquitetar planos de vingança e
revolta.
Hircano, respaldado por Roma, assume o poder e
introduz, em Jerusalém, o exército romano. Revoltado, Aristóbulo
encerra-se no Santo Templo com 12 mil partidários. Pompeu, ao examinar
detidamente a questão, decide tomar o santuário.
A luta é
grande. O espetáculo, dantesco. Aristóbulo consegue fugir. Seus homens,
contudo, são aniquilados. Sentindo-se senhor da situação, Pompeu penetra
no lugar mais sagrado do Templo – o santíssimo. Esperava, quem sabe,
deparar-se com segredos etéreos e mistérios celestiais. Contempla, no
entanto, um singelo altar, cuja glória residia no nome do Santo de
Israel. Dessa maneira, deixa a Casa do Senhor.
Depois dessa
intervenção, a Judéia torna-se província romana.-Nessa qualidade, fica
sujeita aos mais absurdos caprichos dos poderosos senhores de Roma.
Durante o primeiro triunvirato, Crasso, para mostrar seus méritos
militares, declara guerra aos partos. Mas, como financiar tão arrojada
campanha? Lembra-se dos lendários tesouros do Templo e o saqueia. Com
dez mil talentos de ouro, tenta conseguir seu intento. Embora impetuoso e
feroz, não é bem sucedido: perde a guerra, o dinheiro e a vida.
De manobra em manobra, Herodes, o Grande, consegue dos romanos o
governo e o trono da Judéia. Sua carreira política teve início, quando
ele tinha 15 anos. Desde cedo mostrou-se cruel e sanguinário. Não
tolerava quaisquer arranhões em sua autoridade. Sedento de poder,
prendia, desterrava e matava.
Tão maquiavélico era Herodes que,
fácil e rapidamente, ganhou a confiança dos mandatários romanos. Nas
situações mais adversas, mostrava quão habilidoso político era. Ele não
suportava a menor ameaça ao seu trono. Não hesitou, por exemplo, em
assassinar seus filhos Aristóbulo e Alexandre. Carcomido de ciúmes,
executou também sua belíssima esposa Mariana, descendente dos macabeus.
Em 37 a.C, finalmente, o monstruoso Herodes liquidou a brava e heróica
dinastia hasmoneana. Enfim, o trono da Judéia era todo seu! Um de seus
últimos desatinos foi a matança dos inocentes de Belém. Sua real
intenção era destruir a vida do infante Jesus. Depois de todas essas
sandices, o perverso idumeu desapareceu entre atrozes dores e com suas
entranhas consumidas por vermes. Uma de suas grandes obras foi a
ampliação e embelezamento do Templo. Mesmo assim, os judeus não se
esqueceram de seus bárbaros e selvagens crimes.
Das
personalidades romanas enviadas à Judéia, destacaremos, a seguir,
apenas duas. Uma, responsável pela morte de Jesus, e a outra, pela
destruição de Jerusalém. Referimo-nos a Pôncio Pilatos e ao general
Tito.
1 – Pilatos
Pôncio Pilatos assumiu o governo da
Judéia no ano 26 d.C. Nomeado por Tibério, sua administração foi
tumultuada e cheia de agitações. O historiador e filósofo hebreu, Filo,
escreve sobre o quinto governador romano da terra de Judá, taxando-o de
rígido, teimosamente severo, de disposição pronta a despeitar os
outros; era excessivamente iracundo. O mesmo cronista fala, ainda, dos
subornos, atos de orguho e violência, ultrajes, brutalidades e
assassinatos cometidos por essa autoridade romana.
Pertencente à
ordem eqüestre ou à classe média superior romana, Pilatos dispunha de
amplos poderes na Judéia. Tendo à sua disposição formidável aparato
militar, tinha autoridade para prender, executar e suspender qualquer
pena capital. Sob a sua custódia, ficavam as vestes sacerdotais. Ele só
as entregava ao sumo sacerdote, por ocasião dos festivais judaicos.
Inescrupuloso, provocou a ira dos judeus, certa ocasião, ao trazer a
Jerusalém, pendões com a figura do imperador romano. Os israelitas, não
suportando tamanha idolatria, começaram a gritar e a protestar, até
que as imagens foram retiradas. Mostrando-se lerdo para aprender os
costumes judaicos, de outra feita, confiscou dinheiro do templo para
construir um aqueduto em Jerusalém. Os protestos gerados por esse
arbítrio foram também violentos, contribuindo para desequilibrar sua
administração.
Sua perversidade, contudo, escondia um caráter
fraco e uma vontade débil. Ele estava mais interessado em agradar ao
imperador, do que a lutar por princípios justos e ideais verdadeiros.
Haja vista, por exemplo, quão ambíguo foi seu comportamento quando do
julgamento de Jesus Cristo. Procurando adular seu soberano e os líderes
judaicos, consentiu, judicialmente, a morte do Salvador da humanidade.
Depois de muitas desventuras, Pilatos foi forçado a suicidar-se pelo
imperador Gaio. No inferno, segundo uma lenda, está a lavar suas mãos
continuamente, mas, não consegue livrar-se das manchas carmesins do
sangue do Cordeiro de Deus.
2 – Tito
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Pôncio Pilatos |
Ao rejeitar o seu
Cristo, os judeus disseram: “Caia sobre nós o seu sangue, e sobre nossos
filhos!” (Mt 27.25.) Essas duras e irresponsáveis palavras foram
pronunciadas ante Pôncio Pilatos que pretendia indultar alguém por
ocasião da Páscoa. Ao pedir que escolhessem entre Jesus e Barrabás. eles não titubearam. Com os seus corações cheios de ódio,
optaram por um salteador e entregaram o bondoso -Jesus à morte.
Com essa insana escolha, os filhos de Abraão começavam a escrever um
dos mais tristes e funestos capítulos de sua atribulada história. O
sangue do Nazareno começaria a cair-lhes sobre a cabeça a partir do ano
70 d.C, com a destruição de Jerusalém e do Templo pelos romanos.
Nessa época, o Cristianismo já havia alcançado os mais longínquos
rincões do Império Romano. A religião do Nazareno, inclusive, já havia
conquistado considerável terreno na luxuriante e orgulhosa Roma.
Na Judéia, enquanto isso, os israelitas foram obrigados a suportar toda
a sorte de arbitrariedade das autoridades romanas. O governador Gesius
Florus, por exemplo, assumiu o poder com o espírito eivado de
preconceitos contra os judeus. O carrasco, como era conhecido,
quebrantou as leis mosaicas e desrespeitou, acintosa e publicamente, as
mais caras tradições do povo de Israel. Para esse procurador, os
hebreus não passavam de um bando de fanáticos e desequilibrados.
Em Cesaréia, os gregos, vendo a forma como Florus tratava os judeus,
começou a persegui-los com redobrado fervor. A vida da comunidade
judaica, nessa cidade, transformou-se num inferno. Os israelitas nem
mesmo podiam adorar a Deus. Em frente às sinagogas, os helenos
promoviam grandes tumultos, impedindo a realização dos ofícios
religiosos.
Uma delegação judaica foi enviada a Gesius Florus
para pedir-lhe proteção. O governador romano, no entanto, ordenou a
matança dos representantes judeus.
A notícia da aflição dos
israelitas de Cesaréia chegou a Jerusalém e causou profunda comoção. Os
zelotes entraram em ação e iniciaram uma guerra de guerrilhas contra as
forças romanas. Deteriorou-se a situação quando Florus exigiu 17
talentos de ouro que se encontravam no Templo.
A partir daí, alastrou-se o conflito romano-judaico.
O governador da Síria, Céstius Gallus, viajou a Jerusalém para
investigar as causas do levante. Sua presença, no entanto, provocou
profundo mal-estar, por incorporar a 80 imagem da opressora Roma. Embora
estivesse acolitado por poderoso exército, foi ele obrigado a deixar a
cidade. Após sofrer vergonhosa e fragorosa derrota, refugiou-se no
território sírio.
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Tito (Imperador) |
Os nacionalistas judeus, entusiasmados com essa
vitória, preparam-se para novos combates. Inicialmente, apenas os
pobres compunham os quadros da resistência. Com os primeiros sucessos,
porém, os ricos e nobres passaram, com o mesmo ímpeto, a atacar os
exércitos romanos. O historiador Flávio Josefo, de origem aristocrática,
encontrava-se entre os combatentes judeus.
Nero foi notificado
do levante na Judéia, quando se encontrava na Grécia assistindo aos
jogos olímpicos e participando de alegres festas. Para sufocar a
rebelião, enviou à Palestina um de seus mais competentes militares.
Estrategista de primeira grandeza, o general Vespasiano começa a tomar
cidade após cidade dos revoltosos. Quando preparava-se para sitiar
Jerusalém, foi chamado às pressas à capital do império. Com a morte do
desvairado Nero, foi ele aclamado imperador.
A tarefa de sitiar e
tomar a Cidade Santa é entregue, então, ao filho de Vespasiano. Com a
mesma determinação do pai, o general Tito lança-se sobre Jerusalém, no
ano 70 d.C.
O historiador israelita, Simon Dubnow, narra-nos, com vivas cores, como a mais amada das cidades judaicas foi destruída:
“…a fome se alastrava cada vez mais por Jerusalém; os cereais
armazenados já se haviam esgotado há muito tempo; os ricos entregavam
suas propriedades e os pobres seus últimos pertences em troca de um
pedaço de pão. Histórias terríveis se gravaram na memória do povo a
respeito dos acontecimentos daqueles dias. Martha, a abastada viúva do
sumo sacerdote Jesus Ben Gamaliel, em cuja passagem, quando se dirigia
ao Templo, se estendiam, outrora, preciosos tapetes, se via agora na
contingência de aliviar sua fome com restos recolhidos nas ruas; outra
mulher rica, levada pela fome, degolou o próprio filhinho para comê-lo.
As ruas estavam repletas de cadáveres e de gente desfalecida, e não
havia tempo para enterrar os mortos. Os cadáveres espalhados por toda a
parte empestavam o ar. A fome, a epidemia e as setas do inimigo
provocaram a ruína nas fileiras dos defensores; mas os que ainda
resistiam não perdiam as esperanças. Este heroísmo e pertinácia do povo
assombrou até os heróicos romanos. Finalmente, eles dirigiram suas
máquinas de assédio contra as fortificações do Templo. Quando os romanos
tomaram a Torre Antônia, descobriram repentinamente espessas muralhas
que circundavam o Templo, e, como fosse impossível derrubá-las, Tito
ordenou que se incendiassem os portões exteriores, dos quais partia uma
série de colunas que chegavam até o próprio Templo; os guerreiros judeus
lutaram como leões, e cada passo para o Templo custava ao inimigo rios
de sangue.
“De repente, um soldado romano agarrou um lenho
ardente e lançou-o ao interior do Templo, através de uma janela. As
portas de madeira das salas do Templo se inflamaram e logo todo o
Templo se achava envolto em chamas. Tito, que se dirigiu imediatamente
para o lugar atingido, proferiu aos soldados, em altas vozes, a ordem
de sufocar o incêndio e salvar o esplêndido edifício. Mas devido ao
estrépido ensurdecedor das construções que caíam, aos gritos
desesperados dos sitiados e ao ruído das armas, tornou-se impossível
perceber a voz do chefe. Os enfurecidos romanos lançaram-se sobre as
câmaras não afetadas ainda pelo fogo, com o fim de roubar os tesouros
ali acumulados, mas somente puderam penetrar pisando os cadáveres dos
guerreiros judeus, que lhes opunham uma grande resistência no meio das
labaredas. Então, os vencedores deram livre expansão à sua cólera.
Velhos, mulheres e crianças foram assassinados sem compaixão; muitos
hebreus encontraram a morte nas chamas, às quais se precipitaram
valentemente. O Templo, orgulho da Judéia, transformou-se em um monte
de escombros, sendo destruído na mesma data (nove e dez de Aw) em que
fora destroçado antigamente o primeiro templo por Nabucodonosor. Dos
objetos contidos no Templo, só permaneceram intatos o candelabro, a
mesa sagrada e um rolo da Tora. Tito ordenou levá-los e conservá-los
como lembrança de seu triunfo. “Com a ruína de Jerusalém, desmembrou-se
por completo o Estado Judeu. Esta luta tão singular na história, luta
entre um Estado minúsculo e o Império mais poderoso do mundo, absorveu
uma infinidade de vítimas e cerca de um milhão de judeus pereceu na
guerra com os romanos (66-70) e uns cem mil foram feitos prisioneiros.
Desses cativos, alguns foram mortos, outros enviados a trabalhos
forçados ou vendidos como escravos nos mercados da Ásia e África; mas os
mais fortes e belos ficaram para lutar com feras nos circos romanos e
acompanhar Tito em sua solene entrada em Roma. Sempre que Tito celebrava
o aniversário de seu pai e de seu irmão, organizava jogos militares e
lutas de gladiadores, nos quais se arrojavam muitos judeus às feras do
circo, para que os destroçassem, divertindo o público.”
Para
comemorar a sua vitória, o imperador Vespasiano ordenou a cunhagem de
moedas especiais que traziam uma mulher acorrentada e a seguinte
expressão: “Judéia cativa, Judéia vencida.”
Poucos anos após a
queda de Jerusalém, judeus e romanos voltariam a enfrentar-se. O
renhido combate foi travado em Massada. Mostrando mais uma vez sua
audácia e coragem, a resistência judaica preferiu autodestruir-se, a
entregar-se ao opressor romano. A partir de então, toda a Judéia passou a
pertencer aos imperadores romanos, que passaram a doar seus lotes ou
vendê-los.
V – O IMPÉRIO ROMANO E OS CRISTÃOS
O judaísmo
era tolerado no Império Romano, por não possuir caráter proselitista. A
religião judaica limitava-se aos judeus. Raros eram os prosélitos. Os
rabinos não tinham espírito apostólico. Ás autoridades de Roma, por
isso mesmo, permitiam o funcionamento de sinagogas e escolas hebraicas.
A situação, contudo, foi substancialmente alterada com a guerra na
Judéia em 70 d.C.
|
Cesareia Marítima |
Em conseqüência de seu espírito missionário, o
Cristianismo, desde o seu nascedouro, foi duramente perseguido. As
autoridades romanas viam-no como uma perigosíssima ameaça. E, de fato, a
religião do Nazareno visava e visa a conquista espiritual do mundo.
Antes de sua ascensão, ordenara Jesus aos seus apóstolos: “Foi-me dada
toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de
todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado;
e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos
séculos” (Mt 28.18-20).
E, nos momentos que antecederam sua
subida aos céus, o Ressuscitado fez esta recomendação aos seus
apóstolos: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo,
e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e
Samaria, e até os confins da terra” (At 1.8). A partir desse momento,
desse glorioso e memorável momento, tem início uma luta mortal entre o
Reino de Deus (a Igreja) e o principado das trevas (o Império Romano).
Os imperadores movem cruentas e impiedosas perseguições contra os
cristãos. Nada, porém, consegue barrar o magistral progresso da Igreja. O
número de servos de Deus aumenta dia após dia. Esse avanço, contudo,
custa um alto preço: o sangue dos santos.
Hegesipo, escritor do
Século II, narra-nos como o perverso e anormal Nero tratou os cristãos,
acusados, por ele, de terem incendiado Roma: “Alguns foram vestidos com
peles de animais ferozes, e perseguidos pelos cães até serem mortos,
outros foram crucificados; outros envolvidos em panos alcatroados, e
depois incendiados ao pôr-do-sol, para que pudessem servir de luzes para
iluminar a cidade durante a noite. Nero cedia os seus próprios jardins
para essas execuções e apresentava, ao mesmo tempo, alguns jogos de
circo, presenciando toda a cena vestido de carreiro, indo umas vezes a
pé no meio da multidão, outras vendo o espetáculo do seu carro”.
Sob o governo de Nero, que mandou incendiar a capital de seu império
e, covardemente, culpou os cristãos, pereceram, ainda, os apóstolos
Pedro e Paulo. Os seguidores de Cristo foram perseguidos pelo Império
Romano por quase 300 anos. A situação só se amainou com a ascensão de
Constantino, o Irande. Não falaremos mais detalhadamente acerca dos
sofrimentos desses heróicos homens, mulheres e crianças, por absoluta
falta de espaço. O sangue desses santos, entretanto, continua a clamar
no tempo e clamará na eternidade.
VI – O FIM DO IMPÉRIO ROMANO
|
Inscrição de Pôncio Pilatos |
Depois de séculos de sanguinolência e devassidão, permissividade e
térrea tirania, chega ao fim o “inexpugnável” Império Romano. A
imoralidade e a inebriante luxaria tiraram do povo romano sua fibra e
coragem. Enquanto isso, os inimigos de Roma fortaleciam-se e
preparavam-se para deitá-la por terra.
Em 476 d.C, os bárbaros
invadiram Roma. Desapareceu, assim, o mais extenso e poderoso reino
humano! No entanto, segundo profetizou Daniel, esse império ressurgirá
com grande poder. Sua duração, porém, será curta. 0 Rei dos reis e
Senhor dos senhores encarregar-se-á de destruí-lo.
Fonte: Fontes: Bíblia, AdventismoemFoco e MagnusNascimento.Wordpress, JW
Referências Bíblicas: Atos dos Apóstolos; Mateus; Marcos; Lucas; João; Revelação (Apocalipse) outros.
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